segunda-feira, 27 de abril de 2009

Jornalismo: escrever, escrever, escrever... teorizar!

Sabemos que o Jornalismo se resume a coletar informações, apurá-las e divulgá-las. Mas esse é apenas o resumo, a base, a essência do Jornalismo. Como toda boa ciência, não basta se manter na essência, mas é necessário partir daí para o retrabalho, o desenvolvimento, a suposta evolução que, desenfreada, deixa sugestões de onde pode parar. No Jornalismo também brotaram galhos de frutos que se renovam e, pensando no que Darwin generalizou, renascem mais suculentos e nutritivos; geram-se paradigmas.

A opinião no Jornalismo se consolidou geminada à informação, e tornou-se comum profissionais se dedicarem à busca de informações específicas, detalhadas e profundas para, no final de sua análise e averiguação, reuni-las em um praticamente estudo que expõe um fato como centro de um universo particular.

Nesse momento, é delicado pensarmos na informação apenas. Na verdade, é quase impossível se livrar da ignorância de aceitar um fato como XYZ e vê-lo apenas no ângulo bidimensional. Provavelmente, essa obra (conjunto de informações) tem um intuito: venerar ou refutar; desprezar ou evidenciar; dissecar ou maquiar.

Nesse momento, eternizam-se chamados jornalistas-escritores, comunicadores que se valem da sensibilidade do romance na criação de realidades paralelas nos homens para simular uma situação... real. Seus artigos são obras mesmo, pois muitas vezes configuram um malabarismo de linguagem poética, técnica de narração, riqueza de verbos e conteúdos – sobretudo esse último, para validá-los como jornalistas – e muitas páginas de uma viagem a um determinado universo particular, características todas essas de uma boa peça de literatura pura e genuína.

Jornalistas-escritores são historiadores-romancistas. Porém, abrem a ferida diabética do Jornalismo ideal: a parcialidade. Suas histórias vão além da exposição de acontecimentos e chegam à exposição de muitos acontecimentos, tantos a ponto de hipnotizar o leitor quanto à sua existência unilateral, e são reverenciados, com certeza.

No Brasil, podemos citar grandes autores de livros memoráveis que hoje constituem a história de indivíduos, sociedades e eventos únicos e marcantes. A exemplo disso, podemos citar:

Carlos Heitor Cony: Hoje integra o Conselho Editorial da Folha de São Paulo e é comentaristas da Rádio CBN. Escreveu livros-reportagem como “O caso Lou – Assim é se lhe parece” e “O ato e o fato”.

Ruy Castro: entre outras obras, escreveu "O Anjo Pornográfico – a vida de Nelson Rodrigues", "Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha" e "Carmen: uma biografia"

Zuenir Ventura: colunista do O Globo e da Revista Época. Autor de "1968 - O ano que não terminou", um livro de valor incontestável que inspirou a minissérie produzida pela Rede Globo “Anos Rebeldes”.

Nelson Motta: autor de “Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia”, entre outros.

Ao final, eles acabam se destacando mais como escritores do que como jornalistas, pois tudo não passa de uma balança: quando a palavra supera a informação.

Por Rogles Camargo