terça-feira, 7 de abril de 2009

Jornalismo, interlocutor e componente.

Desde o começo do século, a cobertura do cotidiano do mercado financeiro feita pela imprensa é considerada um exemplo de jornalismo de serviço, e sua interferência na vida da sociedade ficou evidente com as atuais crises ao redor do mundo. Diariamente somos informados sobre a cotação das moedas, índices econômicos, ações e bolsas de valores, este serviço é de total necessidade para a população de um país neoliberal, pois exibe através de números, os dados administrativos que essa nação necessita para funcionar. Existem nos dias de hoje inclusive, jornais e revistas especializados no assunto como, por exemplo, o brasileiro Valor Econômico.

Voltando algumas décadas no tempo podemos exemplificar a participação da imprensa no setor econômico, mas de uma forma diferente. Em 1929, ocorreu uma desvalorização das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender seus papéis. O efeito foi devastador, rapidamente pessoas muito ricas passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores. Esse fato é conhecido como o Crack de 29, e nas imagens abaixo podemos conferir exemplos de publicações de jornais da época executando sua função de prestador de serviço.




Atualmente, podemos exemplificar a atuação jornalística como interlocutora da crise mundial. A temida recessão se deve a falta de liquidez no mercado, no português claro, falta de dinheiro. Neste caso, além da natural superexposição da mídia e ampla cobertura das últimas notícias do sistema monetário americano e mundial, parte da imprensa americana ainda tentou jogar a culpa dessa crise nos mutuários inadimplentes do sistema de financiamento habitacional dos Estados Unidos. Independentemente de quem é o culpado, isso mostra que a função da imprensa pode ir muito além do seu papel informativo, e tem o poder de formar opiniões e forçar fatos planejados.

Sem sombra de dúvidas, o jornalismo de serviço tem grande importância para uma sociedade, porém muitas vezes o poder de influenciar a opinião pública termina por criar uma população totalmente refém do que é publicado, da forma que é publicado. No decorrer da história tivemos a oportunidade de acompanhar situações semelhantes a essa, o ato de manipulação em massa movido pelos diversos meios de comunicação, e essa situação pode piorar devido à expansão midiática proporcionada pela tecnologia, possibilitando a maior disseminação da informação e contaminando cada vez mais pessoas com uma informação previamente editada.

Por Oscar Neto e Yan Yamamuti